quarta-feira, 30 de maio de 2018

Sala de aula é lugar de brincar



             Por uma pedagogia do brincar- Resenha Reflexiva da Palestra da Tânia Fortuna
            
            Inicialmente a professora fala das suas experiências e vivencias, relatando que era filha de professores. Lecionou primeiramente pela terceira série do ensino fundamental, e possuía muitos sonhos, não se conformava com a fileira de cadeiras, uma criança sentada atrás da outra, causando opiniões diferenciadas entre pais ou responsáveis dos seus alunos, e colegas professores que expressavam discordância, conformação e compaixão acerca dos seus métodos de trabalho.
Tânia, até então possuía esperança que as situações, poderiam melhorar, quando um dos seus alunos juntamente com o grupo de alunos da turma, se aproximaram da professora e manifestaram o desejo de não seriam mais seus alunos, alegando que não tinham aulas, que simplesmente só brincavam, demonstrando com isto o valor social, simbolismo forte. Neste momento, o desespero tomou conta, pois sua proposta de trabalho não foi percebida, mas com estímulo da família, conseguiu terminar o ano.
            Então optou por trabalhar na educação infantil, onde se sentia mais segura e tranquila, até quando uma menina de três anos de idade entregou-lhe uma folha, dizendo: “Faz tema”. Após um determinado tempo, começou a trabalhar com crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Então começou a questionar-se quanto à brincadeira na escola, indo trabalhar em uma turma de uma determinada escola com alunos intitulados por muitos “os piores da escola”.
Tânia relatou que seus relatos provem das experiências reais, de suas vivências, contribuindo em programas e disciplinas que visam o lúdico. Partilhou alguns momentos de brincadeiras, considerações e conversou respondendo a dúvidas que iam surgindo relativas ao ato de brincar.
            Muitos relatos trazidos na aula pela palestrante e colegas do Pead nos trazem reflexões acerca do Brincar. Tânia enfatizou que as crianças são capazes de fazer amigos sem trocar palavras, simplesmente pelo fato de fazer careta, colocar a língua, já, não sendo mais desconhecidos. Através da brincadeira e jogo pode se perceber as relações com o grupo, sinalizam papeis que desempenham no jogo.
            O brincar provoca fascínio ou desprezo. Fascínio quando infância esta associada ao prazer, promessa de futuro, identificando crianças enquanto sujeitos. E desprezo quando o brincar este associado à infância que para muitos em nossa sociedade ainda associam a infância á incompletude, inferioridade, contrate com a cultura das certezas e controles. O que você vai ser quando crescer? È uma pergunta frequente em muitas situações.
Qual o papel do professor da brincadeira? Pergunta formulada por uma colega. Tânia respondeu que o professor pensa no momento da brincadeira, possuindo uma intencionalidade, ou seja, promover o desenvolvimento do outro, já criança esquece-se da lei da gravidade ao andar num balanço, por exemplo, ...”somente alguém capaz de sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las (...) (FREUD, 1913, P.224).
Outras perguntas das colegas sobre a forma de brincar dos seus alunos, aparecendo muitas situações de conflitos na turma de crianças de três a quatro, como agressividade e crianças que brincam sozinhas, ao que Tânia reforçou que as crianças nesta idade, geralmente apenas participam das brincadeiras dos colegas, sendo “coadjuvante”, brincando pontualmente, mas não brincam juntos. Além disto, brincar sozinho é uma das modalidades do brincar.
Fez comentários também da afetividade invasiva do professor, em não respeitar o espaço e valorização da autonomia, pois muitas vezes temos a impressão que não estamos trabalhando se não fizermos nada a respeito. Crianças altistas possuem dificuldades de compreender o que é de conta, não flexiva, ao pé da letra.
Enfatizou a importância, de nos “encontrarmos” com nos mesmos, para termos encontro pedagógico e com as crianças dialogar. “é preciso que o educador reconcilie-se com a criança que existe, dentro de si, não para ser, novamente, criança, mas para compreendê-la e, a partir disto, interagir com as crianças em uma perspectiva criativa e produtora”.
Trouxe reflexões quanto o jogo, pois jogar é uma atividade paradoxal; é um grande paradoxo querer defini-la com demasiado rigor. AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986). Não devemos utilizar padronização quanto à teoria e sim flexibilidade, pois a ludicidade engloba muitas palavras.
Muitas vezes o jogo, não aparece na escola, inexistência absoluta de brinquedos e horários para brincar. Separado de atividades escolares, intocável enquanto atividades espontâneas que cumpre seus fins por si mesmo. Não servindo para encobrir o ensino? Aprender sem saber? Manipulação do jogo do aluno, ou seja, o “jogo isca- ensino autoritário”. A Pedagogia Lúdica não engana o outro, disfarçando aprendizagem.
Quanto ao Brincar podemos afirmar: Constitui-se no brincar e nele se expressam: Criatividade, inteligência, simbolismo, imaginação, emoção, linguagem; expressão de conteúdos inconscientes, expressão da apreensão da realidade. È linguagem não verbal- é condição para que a linguagem se desenvolva. Beneficia-se dela.
Brincar desenvolve e propicia: Capacidade de viver, numa ordem social e num mundo culturamente simbólico linguagem e representação iniciativa, curiosidade e interesse, senso de responsabilidade individual e coletivo, cooperação. Relação com limites, corpo, imaginação, estrutura psíquica, capacidade de expressar e enfrentar medos, memória concentração por longo período de tempo, intelecto. Aprendizagem em geral dos conteúdos específicos: cooperar, prever, perder, colocar-se no lugar do outro, imaginar, planejar, realizar, ganhar. Onde o sujeito recria análise, a realidade através do jogo interage com a realidade criada, desenvolve-se e aprende tornar-se quem é.
Diferencia o significado do significante. Ex: Cadeira; desenho, corpo se fazendo de conto que é cadeira, brincando se habilita a linguagem e eles são alfabetizados. Um risco é desenho, é número, é letra. Cabe a nós oportunizar momentos de tranquilidade para agitação e ansiedade. Recriar a realidade, tampinha vira chapéu, entre outras situações.
Motivos pelo que não se brinca na escola: bagunça, agitação, sujeira, dá trabalho, Não é de verdade, Incompreensão de pais e alunos, perder tempo, espaço físico impróprio, Não tem nada a haver com os ensinos escolares, não ensina.  
          A brincadeira com armas: brincadeira de faz de conta, A Criança substitui a experiência real por uma experiência vicária “experiência substituta”, onde lida com a maldade e a morte, e também com o zelo com o brinquedo. Devemos cuidar para não afixar a brincadeira, interfindo na brincadeira.
        Muitas reflexões e aprendizagens surgiram nesta aula dinâmica, rica em conteúdo e prática relacionados ao brincar.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário