terça-feira, 6 de junho de 2017

Histórias de vida

    Falando em velhice, expectativa de vida maior e melhor sobre os nossos idosos de hoje em dia, e futuramente, fiquei refletindo sobre as pessoas que hoje tem 60 anos, idade que antigamente se considerava o início da velhice, e hoje se considera acima de 75 anos. Minha mãe atualmente tem 60 anos, e se considera jovem, falando bastante sobre a alegria de viver a vida, ela costuma dizer que esta vivendo melhor agora, do que antigamente.  Há uma frase que costuma dizer, que eu penso ser muito engraçada, minha mãe diz: Vou dormir para que? Se eu vou passar muito tempo dormindo, depois da morte.
     Minha mãe passou sua infância trabalhando para ajudar no sustento da casa, sendo um dos filhos maiores da minha avó, meu avô materno, ele vivia uma vida boêmia, com o consentimento da minha avó, que então tinha que ficar responsável pela casa, pelos filhos, e pelo sustento e organização dos filhos para o trabalho, por esse motivo, minha mãe teve que trabalhar em sua infância, e quando já era adolescente envolveu-se com meu pai, um homem oito nos mais velho que também teve uma vida difícil, com muitas dificuldades financeiras, e algo que marcou a sua infância, aos cinco anos de idade, ele perdeu os dedos de uma das mãos, ao mexer em explosivos sem saber que estava mexendo nisto, enquanto brincava com seus amigos sem nenhum adulto por perto, algo que era e é bastante comum no interior da cidade de Canela. Quando se conheceram minha mãe logo engravidou aos quinze anos de idade do meu irmão mais velho, tendo ao total cinco filhos.        Meu pai vinha de uma família que suas irmão era prostitutas, utilizando disto para sobreviverem, bebiam, então logo se tornou um homem alcoólatra, e com muito ciúmes, tornando nossa família, também uma família com necessidades financeiras, visto que minha mãe tinha que trabalhar somente em casa onde havia mulheres, dispensando assim várias oportunidades de serviço.
    Durante muitos anos foi assim, a vida da minha mãe, enfrentando dificuldades como agressões físicas, emocionais e até psicológicas, mas meu pai também sofria, por não consegui parar de beber e de não ter controle sobre suas atitudes. Posteriormente, meu pai buscou ajuda na crença em um Deus, e esforçou-se com a ajuda da família tornando-se uma pessoa melhor, e depois de alguns anos, foi acometido de um câncer no estomago que acabou se espalhando em outras partes.
    Minha mãe permaneceu ao seu lado, passando as noites e dias com ele, em hospitais, em casa, indo a médicos, contando com o apoio dos filhos, sendo que eu ainda morava com eles, e assisti como participei da luta dos meus pais contra a doença de meu pai. A luta durou cerca de quatro anos, meu pai falecera aos 59 anos de câncer, e minha mãe era viúva. Em um momento que começaram a desfrutar a vida, com os filhos casados, netos, vida estável, isto aconteceu.
    E passado um tempo do falecimento de meu pai, eu casei, mas continuei morando em casa com ela, eu percebia sua dor, a ausência não somente da pessoa que falecerá, mas das situações que não foram vividas. Meu esposo e eu lutamos e incentivamos para que minha mãe tivesse mais alegria em sua vida, não que um companheiro pudesse trazer a felicidade ou ainda suprimir a falta do meu pai, mas que minha mãe pudesse escolher a forma de viver seja esta qual fosse sem que alguém a impusesse algo, ou determinasse o modo de vida sem a sua vontade.
    Hoje minha mãe esta casada há quatro anos, com um homem também viúvo, ele tem 73 anos de idade, eles gostam de passear, ir aos cultos na igreja, viver em família, insistindo para que os filhos e netos os visitem mais vezes. È bom ver o sorriso no rosto de que amamos, quando penso no meu pai, o guardo no meu coração e sinto muitas saudades e orgulho dele, e penso que a cada dia é pra ser vivido intensamente, na infância, vida adulta e velhice. Muitas vezes não conseguimos determinar como será a nossa vida, pois não depende de nós, mas os momentos que depender, sejamos felizes


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