Por
uma pedagogia do brincar- Resenha Reflexiva da Palestra da Tânia Fortuna
Inicialmente
a professora fala das suas experiências e vivencias, relatando que era filha de
professores. Lecionou primeiramente pela terceira série do ensino fundamental,
e possuía muitos sonhos, não se conformava com a fileira de cadeiras, uma criança
sentada atrás da outra, causando opiniões diferenciadas entre pais ou
responsáveis dos seus alunos, e colegas professores que expressavam discordância,
conformação e compaixão acerca dos seus métodos de trabalho.
Tânia,
até então possuía esperança que as situações, poderiam melhorar, quando um dos
seus alunos juntamente com o grupo de alunos da turma, se aproximaram da
professora e manifestaram o desejo de não seriam mais seus alunos, alegando que
não tinham aulas, que simplesmente só brincavam, demonstrando com isto o valor
social, simbolismo forte. Neste momento, o desespero tomou conta, pois sua
proposta de trabalho não foi percebida, mas com estímulo da família, conseguiu
terminar o ano.
Então
optou por trabalhar na educação infantil, onde se sentia mais segura e
tranquila, até quando uma menina de três anos de idade entregou-lhe uma folha,
dizendo: “Faz tema”. Após um determinado tempo, começou a trabalhar com
crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Então começou a
questionar-se quanto à brincadeira na escola, indo trabalhar em uma turma de
uma determinada escola com alunos intitulados por muitos “os piores da escola”.
Tânia
relatou que seus relatos provem das experiências reais, de suas vivências,
contribuindo em programas e disciplinas que visam o lúdico. Partilhou alguns
momentos de brincadeiras, considerações e conversou respondendo a dúvidas que
iam surgindo relativas ao ato de brincar.
Muitos
relatos trazidos na aula pela palestrante e colegas do Pead nos trazem
reflexões acerca do Brincar. Tânia enfatizou que as crianças são capazes de
fazer amigos sem trocar palavras, simplesmente pelo fato de fazer careta,
colocar a língua, já, não sendo mais desconhecidos. Através da brincadeira e
jogo pode se perceber as relações com o grupo, sinalizam papeis que desempenham
no jogo.
O brincar provoca fascínio ou desprezo. Fascínio
quando infância esta associada ao prazer, promessa de futuro, identificando
crianças enquanto sujeitos. E desprezo quando o brincar este associado à
infância que para muitos em nossa sociedade ainda associam a infância á
incompletude, inferioridade, contrate com a cultura das certezas e controles. O
que você vai ser quando crescer? È uma pergunta frequente em muitas situações.
Qual o papel do professor da
brincadeira? Pergunta formulada por uma colega. Tânia respondeu que o professor
pensa no momento da brincadeira, possuindo uma intencionalidade, ou seja, promover
o desenvolvimento do outro, já criança esquece-se da lei da gravidade ao andar
num balanço, por exemplo, ...”somente
alguém capaz de sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las (...)
(FREUD, 1913, P.224).
Outras perguntas das colegas sobre a
forma de brincar dos seus alunos, aparecendo muitas situações de conflitos na
turma de crianças de três a quatro, como agressividade e crianças que brincam
sozinhas, ao que Tânia reforçou que as crianças nesta idade, geralmente apenas
participam das brincadeiras dos colegas, sendo “coadjuvante”, brincando pontualmente,
mas não brincam juntos. Além disto, brincar sozinho é uma das modalidades do
brincar.
Fez comentários também da afetividade
invasiva do professor, em não respeitar o espaço e valorização da autonomia, pois
muitas vezes temos a impressão que não estamos trabalhando se não fizermos nada
a respeito. Crianças altistas possuem dificuldades de compreender o que é de
conta, não flexiva, ao pé da letra.
Enfatizou a importância, de nos “encontrarmos”
com nos mesmos, para termos encontro pedagógico e com as crianças dialogar. “é preciso que o educador reconcilie-se
com a criança que existe, dentro de si, não para ser, novamente, criança, mas para
compreendê-la e, a partir disto, interagir com as crianças em uma perspectiva
criativa e produtora”.
Trouxe reflexões
quanto o jogo, pois jogar é uma atividade paradoxal; é um grande paradoxo
querer defini-la com demasiado rigor. AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986). Não
devemos utilizar padronização quanto à teoria e sim flexibilidade, pois a
ludicidade engloba muitas palavras.
Muitas vezes o jogo, não aparece na
escola, inexistência absoluta de brinquedos e horários para brincar. Separado
de atividades escolares, intocável enquanto atividades espontâneas que cumpre
seus fins por si mesmo. Não servindo para encobrir o ensino? Aprender sem
saber? Manipulação do jogo do aluno, ou seja, o “jogo isca- ensino autoritário”. A Pedagogia Lúdica não engana o
outro, disfarçando aprendizagem.
Quanto
ao Brincar podemos afirmar: Constitui-se no brincar e nele se
expressam: Criatividade, inteligência, simbolismo, imaginação, emoção,
linguagem; expressão de conteúdos inconscientes, expressão da apreensão da
realidade. È linguagem não verbal- é condição para que a linguagem se
desenvolva. Beneficia-se dela.
Brincar
desenvolve e propicia: Capacidade de
viver, numa ordem social e num mundo culturamente simbólico linguagem e
representação iniciativa, curiosidade e interesse, senso de responsabilidade
individual e coletivo, cooperação. Relação com limites, corpo, imaginação,
estrutura psíquica, capacidade de expressar e enfrentar medos, memória
concentração por longo período de tempo, intelecto. Aprendizagem em geral dos
conteúdos específicos: cooperar, prever, perder, colocar-se no lugar do outro,
imaginar, planejar, realizar, ganhar. Onde o sujeito recria análise, a
realidade através do jogo interage com a realidade criada, desenvolve-se e
aprende tornar-se quem é.
Diferencia o significado do
significante. Ex: Cadeira; desenho, corpo se fazendo de conto que é cadeira,
brincando se habilita a linguagem e eles são alfabetizados. Um risco é desenho,
é número, é letra. Cabe a nós oportunizar momentos de tranquilidade para
agitação e ansiedade. Recriar a realidade, tampinha vira chapéu, entre outras
situações.
Motivos pelo que não se brinca na
escola: bagunça, agitação, sujeira, dá trabalho, Não é de verdade,
Incompreensão de pais e alunos, perder tempo, espaço físico impróprio, Não tem
nada a haver com os ensinos escolares, não ensina.
A brincadeira com armas: brincadeira
de faz de conta, A Criança substitui a experiência real por uma experiência
vicária “experiência substituta”, onde lida com a maldade e a morte, e também
com o zelo com o brinquedo. Devemos cuidar para não afixar a brincadeira,
interfindo na brincadeira.
Muitas
reflexões e aprendizagens surgiram nesta aula dinâmica, rica em conteúdo e
prática relacionados ao brincar.
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